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Os Aromas Da Vida

Ao sentar na sala de leitura da Bilioteca de Nova York sinto sempre um cheiro de madeira com papel maravilhoso. É um dos melhores aromas desta cidade, dá vontade de ficar sentado nesse lugar para sempre. A cadeira é uma das mais simples porém confortáveis que conheço, e o teto lembra um palácio da Europa. Sempre guardo na memória alguns aromas, este é um deles que, mesmo se um dia eu não mais viver nesta cidade levarei guardado comigo para sempre. Levarei outros também, bons e ruins: o cheiro do lixo e do suor no metrô, daquele gás misterioso que sai dos bueiros de Midtown, os perfumes baratos dos turistas e os que saem dos mais finos frascos na Fifth Avenue. Na primavera e no verão, a essência de madressilva pelos parques traz a vontade de descobrir, relaxar e sonhar, já no inverno o cheiro dos cobertores, daquelas roupas pesadas de lã e dos pinheiros, que ao romper a pequena folha sentimos um perfume maravilhoso que nos transporta para a terra mágica do Papai Noel. Se há algo valioso

Fundo Do Poço

Novamente assistimos a um espetáculo de hipocrisia sem limites, mas algo me deixou mais chateado do que de costume, foi o de perceber que não somos os mesmos como os nossos pais, já diria Elis Regina, mas sim somos os mesmos que os nossos trisavós. O erro do submergível foi o mesmo do Titanic, acreditar que sua tecnologia era infalível, e de que nada iria dete-los rumo ao sucesso na sua jornada. Erro grave que custou vidas, mas partindo do princípio, lembro-me que quando a notícia foi publicada na segunda-feira pelos jornais ela logo ganhou a capa, lives na internet e coberturas especiais de todos os veículos. No momento se falava sobre um naufrágio trágico no mediterrâneo, perto da Grécia, onde segundo fontes 750 refugiados viajavam em direção à Europa e apenas pouco mais de 100 pessoas haviam sido resgatadas. Centenas de desaparecidos que aumentam a montanha de mortos nas travessias para fugir da guerra e fome na periferia do mundo. Derrepente os jornais esqueceram da notícia trágica

Vida

Quase iniciei o título deste texto com a palavra fim, mas notei que das poucas publicações que fiz neste blog um bom número tinha essa palavra no começo, o que não é muito animador. Na verdade, os dias não tem sido muito animadores, desde que a pandemia começou houveram reviravoltas por todos os lados. Tivemos que lidar com o confinamento, agora a guerra, as incertezas econômicas e políticas, e com nós mesmos. Nossos medos mais íntimos, tudo foi tão exacerbado nos últimos 3 anos. Peço desculpas se alguém lê este blog, pois mais uma vez terei de falar sobre o fim, um fim muito mais forte do que qualquer outro - o fim da vida. Todos estes eventos que mencionei potencializaram uma gangorra emocional, e tem alarmado os especialistas. Certo dia estava lendo uma notícia onde a Organização Mundial da Saúde dizia que o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, com cerca de 19 milhões de pessoas, ou quase 10% de toda a população. Tão preocupante quanto este dado, está o número crescent

Fim De Tarde No Museu

Estes dias fui ao Metropolitan Museum , num destes raros finais de semana onde dedico algumas horas para mim mesmo. Adoro museus, sobretudo o Met como é chamado, pois é um daqueles espaços onde podemos viajar pela história de toda a humanidade e ver objetos que fizeram parte das aventuras de tantos povos. É contraditório que certos museus concentrem tantos objetos preciosos e outras regiões, muitas delas representadas ali, não tenham nada, nem mesmo uma pequena casa onde possam contar a sua própria história para o seu povo. Usa-se muito o termo patrimônio da humanidade, mas porque raios não criam uma rede destes museus em diversos lugares do mundo, e de tempos em tempos os objetos possam viajar para que todos tenham a oportunidade de ver aquele acervo? Creio que é porque tudo aquilo na verdade tem um dono, e portanto o termo patrimônio da humanidade se converte simplesmente em uma marca para adicionar valor ao que eles consideram como um produto, e não exatamente uma ideia a ser levada

8 Bi

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Este é o número, segundo a ONU, de seres humanos que habitam o planeta. A população explodiu após a revolução industrial e chegou, me atrevo a dizer, a um nível de praga, que arrasa tudo por onde passa, transforma, produz, larga dejetos e vai embora, seja para outro lugar ou para a tumba, resultado de uma guerra, da fome gerada pelo sistema, ou do simples declínio pela exaustão de recursos. A humanidade vive como um doente, refém das máquinas, e só consegue sustentar este número de habitantes graças às engenhocas que criou e que muitas vezes são nocivas ao meio ambiente, e por consequência a ela mesma. Também recentemente foi divulgado um estudo preocupante, relacionado ao número de espermatozóides no sêmem, onde os especialistas sugeriram que em breve haverá um grande número de homens com problemas de impotência, e sugeriram também que a culpa deste problema está ligada a vida moderna e a exposição humana a uma série de produtos químicos. Estamos condenados a um declínio populacional?

Mais Uma Copa.

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Bilhões de pessoas, não é exagero dizer, estarão ligadas nos jogos mundiais de futebol que acontecem no Qatar. As pompas são enormes, como é de costume nesse tipo de evento e como também é marcante na cultura daquele país do Oriente Médio que, graças ao ouro negro, ergueu um verdadeiro oasis no deserto. Não será o meu caso, nunca fui muito ligado ao futebol, e há anos não assisto um jogo e não será desta vez o meu retorno às telas esportivas. Na verdade, a última vez que me conectei a um, foi pela rádio, e era alguma partida do campeonato argentino, ouvi ao som alto e confesso que fiz com o único objetivo de perturbar a vida de outra pessoa na qual dividia o apartamento na época. Sim, foi uma vingança, mas acho que quem saiu mais perturbado com tudo aquilo fui eu, não recomendo. Mas não é disso que se trata o futebol ultimamente? De revanches, nacionalismos, culto ao ódio e, nas horinhas vagas, uma lavagem de dinheiro aqui e outra ali? Este, aliás, não é o único aspecto depressivo do e

Muito Prazer.

Nestes dias de pandemia, onde variamos entre a vacina, a esperança pela cura, a desilusão na humanidade e o sofrimento nosso de cada dia, às vezes por escolha ou não. No meio da falta de entendimento entre nós e, entre tantas coisas que vão e vêm, medos e alegrias. Escrevi muito, tanto, que o meu diário explodiu. Decidi sair daquele caderno vermelho e me jogar na rede. Já criei e recriei blogs antes, escondi o meu rosto muitas vezes, mas decidi (re)fazer um agora. Poderia fazer textão diariamente para os amigos no Facebook, mas não quero ser rotulado como chato, afinal o que é o Facebook se não a revista People para os anônimos? Prefiro um lugar mais tranquilo, com menos fofoca, um cantinho quase secreto na aldeia virtual, minha própria ilha deserta, e quem a encontrará? Não sei, talvez algum andarilho lá e cá, só Deus sabe. Já que não posso ter um canto só para mim nessa selva de pedra, faço o meu por aqui, neste universo de números, letras, sons e ondas trituro meus pensamentos, medo